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Os campeões não se fazem num dia - David Simango referindo-se a Lurdes Mutola

Perante a inequívoca realidade de nos próximos grandes eventos internacionais já não podermos contar com a singularidade de uma atleta cujo percurso de duas décadas espanta o mundo, afigura-se pertinente traçar estratégias para que a médio ou a longo prazo regressemos às medalhas. Seria, aliás, o melhor tributo que Moçambique saberia prestar à sua expoente máximo.

Mas se os campeões não se fazem num dia e, tal como disse David Simango, atletas da dimensão de Lurdes Mutola, perseverantes, abnegadas e extraordinariamente disciplinadas e profissionais, são hoje em dia raros no mundo, como encontrar, então, os seus substitutos? Se atletas da estirpe de Mutola, sacrificadas e que amam o seu país e o seu povo, merecem a vénia e admiração de todos, como fazer com que a nova geração de desportistas siga este magnífico exemplo?

Perante quadros do seu sector, a nível central e provincial, parceiros de cooperação e representantes das Federações, onde se destacavam Sarifa Magide (atletismo), Ilídio Caifaz (básquete), Camilo Antão (vólei), Danilo Jossubo (boxe) e Cândido Coelho (hóquei), o ministro da Juventude e Desportos encerrou a magna assembleia do seu sector lançado importantes desafios, tendo como base de inspiração o urgente pensar da era pós-Mutola.

Uma carreira de 20 anos sempre ao mais alto nível, como o foi de Lurdes Mutola, deve servir de fonte de inspiração dos nossos jovens desportistas. Uma vida de permanente entrega ao trabalho, da sempre superação de barreiras e até de negação a caminhos perniciosos aos campeões, deve ser transmitida aos nossos desportistas, para que saibam e se consciencializem de que realmente essa é a melhor via para o êxito e para o estrelato”, observou.

Segundo ele, nos Estados Unidos da América, para onde seguiu com apenas 15 anos, à busca da glória, Lurdes podia ter optado pela vida fácil, todavia, preferiu o sacrifício, porque realmente do sacrifício saem os campeões.

No mesmo país, EUA, temos outros atletas nossos, de básquete, de atletismo e de outras modalidades, mas alguns deles não só acabaram por não constituir a necessária mais-valia para as nossas selecções como também, aproveitando-se de bolsas desportivas, enveredaram por caminhos que ninguém sabe”, disse o ministro.

Mais incisivo, Simango afirmou que não podemos continuar a assistir situações de bolsas desportivas, da Solidariedade Olímpica ou de outras instituições, no lugar de serem devidamente aproveitados, isto é, beneficiarem talentos que de facto se revelem, ser entregues a coberto de apadrinhamentos. Sublinhou que temos que ser isentos, transparentes e sobretudo agir na perspectiva do benefício e do orgulho da nação.

PLANIFICAR CICLO OLÍMPICO

Como disse, fazer campeões não acontece todos os dias. Porém, planificar campeões podemos fazer todos os dias. É este o desafio que é colocado ao MJD, às federações, associações e clubes. Se hoje, em vez de pensarmos somente nos Jogos Olímpicos de 2012, pensarmos também nos subsequentes, isto é, olharmos para dois/três ou mais ciclos olímpicos, estaremos a criar condições para que daqui a 10, 15 ou 20 anos tenhamos campeões olímpicos”.

Para o ministro da Juventude e Desportos, não devemos ter receio de semear para amanhã colhermos, pois esse é o caminho recomendável e que se nos impõe seguir. Planificação entre todos os actores do nosso mosaico desportivo.

“Não podemos continuar a permitir que interesses pessoais, de determinados dirigentes do Comité Olímpico ou da Federação, se sobreponham aos interesses de toda uma nação. Ninguém é dono do desporto e ninguém é perpétuo numa instituição. A democraticidade, a transparência e o trabalho harmonioso e participativo entre os diferentes organismos são também princípios que nos devem guiar na árdua missão de a Pátria de Mutola continuar a ter campeões à altura deste ícone do desporto mundial”, referiu a finalizar.

Durante esta derradeira sessão, foi lido o relatório final, pela directora de Maputo, Ana Wate, e apresentada uma moção de saudação a David Simango, pela voz do dirigente da cidade de Maputo, António Munguambe, na qual se destacam as virtudes e qualidades daquele na direcção do Ministério da Juventude e Desportos, numa altura em que poderá ser chamado a abraçar uma nova missão na sua carreira política.

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Fundada em 2001 em Maputo, Moçambique. Trabalha com desporto para desenvolvimento em Moçambique à nível nacional.
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